Desenvolvimento do processo ensino/aprendizagem.
Helena Luís
Na disciplina de Educação Musical:
A motivação é um factor determinante no desenvolvimento do aluno bem como no desenvolvimento de processo ensino/aprendizagem. O aluno tem que estar predisposto a aprender e assimilar conhecimentos, pelo que esses conhecimentos devem ser transmitidos de forma atraente e adaptada aos seus interesses. Susan O’Neill focando a questão da motivação diz que é necessário que o aluno obtenha prazer nas suas actividades musicais e apresenta algumas sugestões práticas para desenvolver nos jovens a motivação para a música (1999). Considera que o professor deve “criar um ambiente de trabalho que seja amigável para que os erros e falhas sejam vistos como experiências e momentos positivos do processo de aprendizagem; reconhecer em cada aluno o seu ponto de excelência e desistência e saber ajustar os seus objectivos e o nível de desafio/esforço necessário; estar consciente dos efeitos sociais que os jovens antecipam no seu envolvimento com a música; e encorajar os alunos a tocar o mais possível” (O’Neill, 1999). Estas são apenas algumas das inúmeras medidas que podem facilitar o trabalho do professor e que me têm servido de orientação ao longo da minha carreira na docência.
A missão do professor é muito complexa e importante. Não somos apenas transmissores de conhecimentos, somos muito mais do que isso. Como diz R.L. Sharpe citado por Ben Carson “cada um recebe uma bolsa de ferramentas, uma massa sem forma, um livro de regras; e cada um deve fazer – antes que a vida termine- uma pedra de tropeço ou um degrau.”(2001). Temos o papel de construir degraus, orientar e “transportar” o aluno até ao conhecimento. Muitas vezes o nosso trabalho é dificultado, especialmente quando os alunos se apresentam indiferentes ao nosso esforço ou/e têm interesses e objectivos completamente opostos àqueles para os quais os pretendemos encaminhar. Aí a nossa criatividade e empenho têm que ser explorados ao máximo de forma a ir de encontro às necessidades do aluno.
A relação professor-aluno deve ser aberta e sincera pois, é importante que estas duas pessoas estejam receptivas à influência uma da outra. Todos nós aprendemos uns com os outros.
Considero que a minha atitude é realmente determinante no processo de aprendizagem do aluno pois, quanto maior o meu empenho, dedicação e conhecimento, maiores probabilidades existem em produzir nele (aluno) o interesse e motivação para a música.
Creio que a melhor forma de viver a música é através do contacto com instrumentos musicais. Para mim, este é um factor determinante e motivador para a aprendizagem musical pois, não há quem resista ao encanto de um instrumento musical.
Foi este contacto com os instrumentos que procurei proporcionar aos meus alunos ao longo do ano e mais uma vez constatei que esta é uma das melhores formas de motivar para a música. Como diz Jorge Peixinho “normalmente a criança (ou jovem) chega à música através da sedução de um instrumento...”(1996).
João Pinheiro, no texto O Instrumento ao Serviço do Desenvolvimento Musical da Criança afirma que “para as crianças a música já é feita com instrumentos de verdade (...) a música é feita a sério, sem instrumentos didáticos, sem instrumentos de brincar”(2000). Não quer isto dizer que os instrumentos didáticos já construídos e até mesmo os que são construídos pelas próprias crianças não têm valor ou utilidade na prática. Na verdade, e subscrevendo o mesmo autor, “a construção de instrumentos e sua posterior utilização pode ser uma etapa extremamente rica e importante na descoberta do som e da expressividade que lhe está inerente” contudo, “deverá ser uma etapa e não um fim em si” (2000).
Erik Clarke (1999), diz que tal como qualquer procedimento humano complexo, a performance musical, ao mais alto nível, requer uma combinação notável de competências físicas e mentais.
O mesmo autor afirma ainda que, “da perspectiva do conhecimento musical, a performance abre uma janela rica e fascinante para o escondido mundo do pensamento musical” pois, “pode ser vista, em particular, como uma forma concreta de pensamento musical, na qual podem, potencialmente, ser expressos quase todos os aspectos da concepção de música de um performer”(1999).
No que diz respeito a capacidades motoras, a performance torna observáveis uma série de fenómenos tais como, o controlo de movimentos, a coordenação em relação aos outros músicos, e para além disso pode ajudar a melhorar a coordenação motora.
São inúmeras as vantagens e possibilidades da performance musical para o desenvolvimento musical e pessoal do aluno.
Outra possibilidade é o desenvolvimento da criatividade. A performance é um campo muito favorável para desenvolver a criatividade. É importante que o aluno tenha a possibilidade de criar pois é criando que ele pode ter uma maior compreensão da música. E é esta compreensão da música, um dos principais objectivos da educação musical, que tenho procurado desenvolver nos meus alunos. Proporcionando-lhes momentos de execução instrumental e criação musical acredito que poderei conduzi-los a uma melhor percepção da música, de si próprios e do mundo que os rodeia.
David Graham diz que “Focalizar a criatividade na performance e nas actividades de suporte da aula é essencial se desejamos que os nossos alunos se tornem músicos no seu sentido mais lato – aqueles que verdadeiramente fazem da música um veículo de expressões próprias de tal forma que isso reflita a sua individualidade”(1998).
Procurei estar sempre atenta ao potencial criativo dos alunos e dar oportunidade a que todos pudessem sugerir formas de expressão e interpretação.
Não é fácil alcançar este ideal uma vez que, cada aluno tem uma individualidade diferente e conseguir conciliar a diversidade não é propriamente uma tarefa simples.
Considero fundamental que os professores estejam consciencializados e preparados para lidar com a diversidade pois, cada vez mais as escolas integram pessoas de diferentes culturas abrangendo um conjunto de valores, interesses, ideias, princípios, atitudes, etc. É necessário que os professores se munam de competências que lhes permitam ultrapassar a barreira da diversidade cultural, de forma a saberem tirar o melhor proveito dela.
Como educadores temos o dever de proporcionar momentos de aprendizagem que se adaptem às culturas musicais dos alunos. A música apresenta-se como uma excelente forma de cativar e motivar os alunos, transmitindo valores culturais e promovendo também a partilha de experiências.
Relativamente ao processo de avaliação dos alunos que considero o elemento mais complexo no desenvolvimento do processo ensino/aprendizagem baseou-se essencialmente na observação directa do desempenho individual e e colectivo dos alunos nas aulas, desempenho musical em concertos musicais diversificados e na realização de fichas de trabalho e de avaliação. A avaliação individual dos alunos foi registada diariamente em ficha própria, tendo como base os quatro grandes organizadores que englobam as competências específicas a desenvolver na disciplina de Educação Musical:
Ø Interpretação e Comunicação;
Ø Criação e Experimentação;
Ø Percepção sonora e musical;
Ø Culturas musicais nos contextos.
Tentei sempre no processo de avaliação olhar para o desenvolvimento do aluno tendo em conta o ponto do qual partiu. Avaliar competências foi e é um processo complexo e até mesmo custoso mas como diz Antónia Castro (2000:17) “Não se educa sem avaliar”.
Nas Áreas Curriculares Não Disciplinares:
Ao longo do ano procurei sempre ir de encontro às necessidades dos alunos, motivando-os a explorar temas que promovessem:
Ø Novas experiências,
Ø Autonomia do aluno,
Ø Valorização de si próprio,
Ø Exploração da criatividade,
Ø Hábitos de sociabilização,
Ø Respeito pela opinião do outro,
Ø Desenvolvimento de competências ao nível de organização, responsabilidade e pensamento crítico.
Considerações finais
Ao longo do meu percurso enquanto docente tenho aprendido que para se ser um bom professor é preciso amar as crianças, desesperar face à indisciplina não vale a pena, falar sem agir não muda nada, criticar sem sugerir não soluciona. A verdade é que, como diz Goethe, “a música começa onde as palavras acabam”.
Referências bibliográficas
CARSON, Ben. (2001) (4ªedição). “Sonhe alto”, Casa Publicadora Brasileira.
CLARKE, Eric. (1999). “Processos Cognitivos na Performance Musical” in Revista Música, Psicologia e Educação, CIPEM, pp. 61-76.
BOAL, Maria Eduarda; et all, (1996), “Educação Para Todos, para uma pedagogia diferenciada”, Ministério da Educação, 1ª edição.
GRAHAM, David. (Março 1998).“Teaching for Creativity in Music Performance” in Music Educators Journal, pp. 24-28.
O’ NEILL, Susan. (1999). “Sugestões Práticas para Desenvolver nos Jovens a Motivação para a Música” in Revista Música, Psicologia e Educação, CIPEM, pp. 41.
PEIXINHO, Jorge. (1996) (2ª edição). “Música Viva para uma Sociedade Viva” in Ensino Artístico, Edições ASA, pp. 67-82.
PINHEIRO, João. (Jan./Mar. 2000). “O Instrumento ao Serviço do Desenvolvimento Musical da Criança” in Revista Educação Musical, Apem, nº104, pp. 20-24.
Helena Luís
Na disciplina de Educação Musical:
A motivação é um factor determinante no desenvolvimento do aluno bem como no desenvolvimento de processo ensino/aprendizagem. O aluno tem que estar predisposto a aprender e assimilar conhecimentos, pelo que esses conhecimentos devem ser transmitidos de forma atraente e adaptada aos seus interesses. Susan O’Neill focando a questão da motivação diz que é necessário que o aluno obtenha prazer nas suas actividades musicais e apresenta algumas sugestões práticas para desenvolver nos jovens a motivação para a música (1999). Considera que o professor deve “criar um ambiente de trabalho que seja amigável para que os erros e falhas sejam vistos como experiências e momentos positivos do processo de aprendizagem; reconhecer em cada aluno o seu ponto de excelência e desistência e saber ajustar os seus objectivos e o nível de desafio/esforço necessário; estar consciente dos efeitos sociais que os jovens antecipam no seu envolvimento com a música; e encorajar os alunos a tocar o mais possível” (O’Neill, 1999). Estas são apenas algumas das inúmeras medidas que podem facilitar o trabalho do professor e que me têm servido de orientação ao longo da minha carreira na docência.
A missão do professor é muito complexa e importante. Não somos apenas transmissores de conhecimentos, somos muito mais do que isso. Como diz R.L. Sharpe citado por Ben Carson “cada um recebe uma bolsa de ferramentas, uma massa sem forma, um livro de regras; e cada um deve fazer – antes que a vida termine- uma pedra de tropeço ou um degrau.”(2001). Temos o papel de construir degraus, orientar e “transportar” o aluno até ao conhecimento. Muitas vezes o nosso trabalho é dificultado, especialmente quando os alunos se apresentam indiferentes ao nosso esforço ou/e têm interesses e objectivos completamente opostos àqueles para os quais os pretendemos encaminhar. Aí a nossa criatividade e empenho têm que ser explorados ao máximo de forma a ir de encontro às necessidades do aluno.
A relação professor-aluno deve ser aberta e sincera pois, é importante que estas duas pessoas estejam receptivas à influência uma da outra. Todos nós aprendemos uns com os outros.
Considero que a minha atitude é realmente determinante no processo de aprendizagem do aluno pois, quanto maior o meu empenho, dedicação e conhecimento, maiores probabilidades existem em produzir nele (aluno) o interesse e motivação para a música.
Creio que a melhor forma de viver a música é através do contacto com instrumentos musicais. Para mim, este é um factor determinante e motivador para a aprendizagem musical pois, não há quem resista ao encanto de um instrumento musical.
Foi este contacto com os instrumentos que procurei proporcionar aos meus alunos ao longo do ano e mais uma vez constatei que esta é uma das melhores formas de motivar para a música. Como diz Jorge Peixinho “normalmente a criança (ou jovem) chega à música através da sedução de um instrumento...”(1996).
João Pinheiro, no texto O Instrumento ao Serviço do Desenvolvimento Musical da Criança afirma que “para as crianças a música já é feita com instrumentos de verdade (...) a música é feita a sério, sem instrumentos didáticos, sem instrumentos de brincar”(2000). Não quer isto dizer que os instrumentos didáticos já construídos e até mesmo os que são construídos pelas próprias crianças não têm valor ou utilidade na prática. Na verdade, e subscrevendo o mesmo autor, “a construção de instrumentos e sua posterior utilização pode ser uma etapa extremamente rica e importante na descoberta do som e da expressividade que lhe está inerente” contudo, “deverá ser uma etapa e não um fim em si” (2000).
Erik Clarke (1999), diz que tal como qualquer procedimento humano complexo, a performance musical, ao mais alto nível, requer uma combinação notável de competências físicas e mentais.
O mesmo autor afirma ainda que, “da perspectiva do conhecimento musical, a performance abre uma janela rica e fascinante para o escondido mundo do pensamento musical” pois, “pode ser vista, em particular, como uma forma concreta de pensamento musical, na qual podem, potencialmente, ser expressos quase todos os aspectos da concepção de música de um performer”(1999).
No que diz respeito a capacidades motoras, a performance torna observáveis uma série de fenómenos tais como, o controlo de movimentos, a coordenação em relação aos outros músicos, e para além disso pode ajudar a melhorar a coordenação motora.
São inúmeras as vantagens e possibilidades da performance musical para o desenvolvimento musical e pessoal do aluno.
Outra possibilidade é o desenvolvimento da criatividade. A performance é um campo muito favorável para desenvolver a criatividade. É importante que o aluno tenha a possibilidade de criar pois é criando que ele pode ter uma maior compreensão da música. E é esta compreensão da música, um dos principais objectivos da educação musical, que tenho procurado desenvolver nos meus alunos. Proporcionando-lhes momentos de execução instrumental e criação musical acredito que poderei conduzi-los a uma melhor percepção da música, de si próprios e do mundo que os rodeia.
David Graham diz que “Focalizar a criatividade na performance e nas actividades de suporte da aula é essencial se desejamos que os nossos alunos se tornem músicos no seu sentido mais lato – aqueles que verdadeiramente fazem da música um veículo de expressões próprias de tal forma que isso reflita a sua individualidade”(1998).
Procurei estar sempre atenta ao potencial criativo dos alunos e dar oportunidade a que todos pudessem sugerir formas de expressão e interpretação.
Não é fácil alcançar este ideal uma vez que, cada aluno tem uma individualidade diferente e conseguir conciliar a diversidade não é propriamente uma tarefa simples.
Considero fundamental que os professores estejam consciencializados e preparados para lidar com a diversidade pois, cada vez mais as escolas integram pessoas de diferentes culturas abrangendo um conjunto de valores, interesses, ideias, princípios, atitudes, etc. É necessário que os professores se munam de competências que lhes permitam ultrapassar a barreira da diversidade cultural, de forma a saberem tirar o melhor proveito dela.
Como educadores temos o dever de proporcionar momentos de aprendizagem que se adaptem às culturas musicais dos alunos. A música apresenta-se como uma excelente forma de cativar e motivar os alunos, transmitindo valores culturais e promovendo também a partilha de experiências.
Relativamente ao processo de avaliação dos alunos que considero o elemento mais complexo no desenvolvimento do processo ensino/aprendizagem baseou-se essencialmente na observação directa do desempenho individual e e colectivo dos alunos nas aulas, desempenho musical em concertos musicais diversificados e na realização de fichas de trabalho e de avaliação. A avaliação individual dos alunos foi registada diariamente em ficha própria, tendo como base os quatro grandes organizadores que englobam as competências específicas a desenvolver na disciplina de Educação Musical:
Ø Interpretação e Comunicação;
Ø Criação e Experimentação;
Ø Percepção sonora e musical;
Ø Culturas musicais nos contextos.
Tentei sempre no processo de avaliação olhar para o desenvolvimento do aluno tendo em conta o ponto do qual partiu. Avaliar competências foi e é um processo complexo e até mesmo custoso mas como diz Antónia Castro (2000:17) “Não se educa sem avaliar”.
Nas Áreas Curriculares Não Disciplinares:
Ao longo do ano procurei sempre ir de encontro às necessidades dos alunos, motivando-os a explorar temas que promovessem:
Ø Novas experiências,
Ø Autonomia do aluno,
Ø Valorização de si próprio,
Ø Exploração da criatividade,
Ø Hábitos de sociabilização,
Ø Respeito pela opinião do outro,
Ø Desenvolvimento de competências ao nível de organização, responsabilidade e pensamento crítico.
Considerações finais
Ao longo do meu percurso enquanto docente tenho aprendido que para se ser um bom professor é preciso amar as crianças, desesperar face à indisciplina não vale a pena, falar sem agir não muda nada, criticar sem sugerir não soluciona. A verdade é que, como diz Goethe, “a música começa onde as palavras acabam”.
Referências bibliográficas
CARSON, Ben. (2001) (4ªedição). “Sonhe alto”, Casa Publicadora Brasileira.
CLARKE, Eric. (1999). “Processos Cognitivos na Performance Musical” in Revista Música, Psicologia e Educação, CIPEM, pp. 61-76.
BOAL, Maria Eduarda; et all, (1996), “Educação Para Todos, para uma pedagogia diferenciada”, Ministério da Educação, 1ª edição.
GRAHAM, David. (Março 1998).“Teaching for Creativity in Music Performance” in Music Educators Journal, pp. 24-28.
O’ NEILL, Susan. (1999). “Sugestões Práticas para Desenvolver nos Jovens a Motivação para a Música” in Revista Música, Psicologia e Educação, CIPEM, pp. 41.
PEIXINHO, Jorge. (1996) (2ª edição). “Música Viva para uma Sociedade Viva” in Ensino Artístico, Edições ASA, pp. 67-82.
PINHEIRO, João. (Jan./Mar. 2000). “O Instrumento ao Serviço do Desenvolvimento Musical da Criança” in Revista Educação Musical, Apem, nº104, pp. 20-24.
 
 
 
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